SER PAIA EXTRAORDINÁRIA DESCOBERTA DO SIGNIFICADO DE

720


720. Parei para registar. Setecentos e vinte. Estas são todas as horas que perfazem um mês. Trinta dias suficientes para a Luisinha arrebatar tudo e todos, re-calendarizar tudo e todos, conquistar o espaço de tudo e de todos. Um mês de vida conquistou ela. Um mês de vida celebramos nós.

De uma vida que é absorvida entre o dia e a noite, entre os sonos, a alimentação, as fraldas, as cólicas e as mudanças de roupa. Intervalos curtos, entre tudo isto, que nos fazem contar os segundos, que se resumem... a horas. Porque o tempo avança rápido entre tudo isto. Resta pouco, desse famigerado tempo, entre tudo isto.
Saltamos então, entre os ponteiros do tempo, para as consultas ao pediatra, as vacinas, ou um simples passeio à beira mar. Porque até ela já contou todos os poros do papel de parede que decoram o seu quarto. Mas tudo isto é fundamental e essencial para o seu desenvolvimento e é parte integrante do seu processo de crescimento. Tudo isto é fundamental e essencial e parte integrando do que é ser Mãe... e ser Pai.

720. Muita coisa mudou. Setecentos e vinte. A Luisinha já conhece a nossa voz. O nosso colo acalma o seu estado. O colo de quem também é dela, de quem também lhe pertence, onde o sono aparece rápido e o conforto não tem fim. Reage quando nos ouve, muda o sentido, o movimento do corpo. Procura algo ou alguém que lhe é familiar, muito familiar. Afinal de contas, entre tantas sombras que vê, algo parece ser dela, algo parece estar intimamente ligado a ela...
Depois, fixa o seu olhar. Tantas vezes, num silencio profundo, olhamos um para o outro. Tantas outras vezes conversei com ela como se me entendesse. Como se me estivesse a compreender. Talvez como um dia o fará.

720. Apareceu o primeiro sorriso. Setencentos e vinte. Um sorriso bom. Sempre abundante para a Mãe. Quase sempre incisivo para o Pai. Um dia ganho para todos.

De sobrolho franzido de quando em vez, agita as nossas águas. Manifesta-se, mas apenas quando acha que o deve fazer. O género, é dela.

720. Setecentos e vinte. Acena-nos porque sabe que pode. Acena-nos quando quer sentir que estamos ali, que ela está ali para nos preencher...

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