SER PAIA EXTRAORDINÁRIA DESCOBERTA DO SIGNIFICADO DE

Amor à primeira vista


Esta foi a primeira página que arranquei. Do caderno que todos os dias escrevo há 37 semanas, única e exclusivamente para mim. Um resumo de todas as emoções que, mês após mês, vou sentindo e coleccionando. Agora, semana após semana. Não resisti. Na primeira vez que faltei, que não estive lá, ao lado da Mãe, o dia parou. Estávamos nas 37 semanas. Contadas por ela.
Foi a primeira consulta que me ausentei. O espaço cravou-se em mim. Pensar que só a vou poder ver daqui a uma semana... gelou as minhas mãos, enquanto trabalhava no meu gabinete, num dia repleto de Sol. Afogado em mapas, números e contas, queria fugir. Ir para casa. Senti-me preso a um lugar, que não era definitivamente aquele onde eu estava. Importante estar presente, sempre. Importante saber, mas mais importante sentir a evolução. Fazer com que a Mãe sinta que estamos lá. Que não está sozinha.
Quando cheguei a casa, ao olhar para ela, apaixonei-me. Senti que a Luisinha fechou os olhos porque sabia que eu não estava. Não queria sentir a desilusão de não me ver. E ela sabe que eu estou sempre lá. Que estamos sempre juntos. Sim, Luisinha é o nome da razão. Do motivo. De tudo isto.
Estava com o punho fechado, dizem. No meu coração ela está sempre de braços abertos, é assim que eu a vejo. De mãos abertas. Pronta a receber e a dar. Tudo aquilo que diariamente de bom recebe. E deve distribuir. Assim espero.
A jornada ainda está no inicio, melhor, ainda nem sequer começou. E apesar das rotinas assustarem qualquer aprendiz, como eu, um pouco “a bordo” dos bombardeamentos de todos aqueles Pais que me rodeiam, estou ansioso por viver. Por sentir. Por abraçar tudo isto. Por abrir a mão da Luisinha.
Apaixonei-me por ela. Apaixonei-me por ti, Luisinha. Como um namorado por correspondência, onde o carteiro me traz boas noticias, estas “selfies” a preto e branco. Não tenho pressa. Desde que me continues a escrever...

37 semanas

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